Consciência significa tomar conhecimento sobre algo, se tornar sabedor de algo.
A razão pela qual o dia da Consciência Negra se estabelece em 20 de novembro porque este é o suposto dia da morte de Zumbi dos Palmares, líder do maior quilombo brasileiro no período colonial, e você pode se perguntar porque não em 13 de maio, já que é o dia da abolição da escravatura.
Este dia é sobre reflexão, é sobre entendimento, sobre tomar consciência do nosso papel dentro dessa luta, da luta pela justiça social. Dia de pretos que se sabem pretos, brancos que se sabem brancos e pretos que ainda não tomaram consciência de sua pretitude, e de tudo que ela representa, unirem forças e esforços pela igualdade de direitos, de espaços, de oportunidades.
O dia 13 de maio foi um arranjo político que, assim como quase todos os outros, não visou o bem estar do cidadão, não projetou as verdadeiras necessidades dos escravizados, os agentes políticos envolvidos não garantiram nenhum direito, não garantiram moradia, saúde, educação ou qualquer outras necessidade básica que qualquer cidadão brasileiro. “Ah, mas naquela época…” “Ah, mas a princesa não tinha tanta força assim…” pessoas dizem, então, especialmente hoje, é sobre esse tipo de pensamento.
Não é preciso ser militante, não é preciso esperar o 20 de novembro, a reflexão não pode ser feita apenas uma vez ao ano, ela deve ser exercitada diariamente, nos pequenos movimentos, nas pequenas atitudes, na mudança de pensamento sobre nosso conhecimento histórico adquirido através de livros de História escritos por brancos estruturalmente racistas.
A herança africana está intrínseca em todos nós, no nosso vocabulário, na nossa dança, na nossa música, nas nossas roupas, na nossa alimentação e é nosso dever, enquanto cidadão, não permitir que setores da sociedade sigam tentando invisibilizar a existência e a potência do povo negro.
Não há mais espaço para ignorância sobre atitudes racistas, microagressões em forma de comentários ou "piadinhas". Não há mais espaço na sociedade para que nos isentemos da luta antirracista ou para que deixemos de ser agentes da mudança. Se você ainda acredita que “Ah, nem é tanto assim”, reflita: de que lado dessa luta você está?
Você não precisa pegar em cartazes, sair às ruas gritando palavras de ordem; você só precisa perceber o entorno e corrigir, ensinar, por exemplo, que ‘piadinhas’ são agressões, que comentários sobre cabelo são agressões. Se você fizer parte da educação antirracista dentro da sua própria casa, já estará ajudando a construir uma sociedade mais humana.
Para refletir mais um pouco: A lei de diretrizes e bases da educação 10.639 que obriga todas as escolas a incluírem em seu currículo a cultura africana e afrobrasileira é de 2003, 21 anos depois, quantos autores negros você leu na escola? Quantos projetos de música ou arte incluíam a cultura africana? Exijam de suas escolas e das escolas de seus filhos a aprendizagem sobre nossa cultura e ancestralidade, o berço da sociedade brasileira é africano.
Nosso agradecimento a todos os Saturdayss que lutam diariamente, em especial aos Saturdayss negros, que constantemente buscam transformar o seu futuro e o futuro de milhares no mundo.
Que belo texto! Junto de explicações interessantes, bem escrito e cativante. É importante sempre tentarmos o que temos ao nosso alcance nessa jornada contra o preconceito, um dia importante para a reflexão.
Maravilhoso o texto! super necessário estarmos todos juntos na luta